Pacientes recuperados da covid precisam manter acompanhamento cardiológico
Uma doença nova, com muitos doentes, muitos recuperados, mas poucas informações. Essa é a realidade da covid em seus oito meses de disseminação pelo mundo. A cada dia é descoberto um sintoma diferente, uma sequela, mas também um tratamento. A pergunta que fica e ainda não há resposta concreta é: quem teve a doença vai se recuperar 100% ou ficará com sequelas. E por quanto tempo? Os médicos ainda não têm a resposta, mas orientam que quem teve a doença causada pelo novo coronavírus faça um acompanhamento.
A SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) alerta para os riscos que a covid-19 traz ao sistema cardiovascular e o potencial para complicações respiratórias graves e até mesmo ser letal em portadores de doenças cardíacas e cardiometabólicas (diabetes e obesidade). Agora, estudos científicos brasileiros e internacionais indicam que parte dos pacientes que se infectaram com o SARS-CoV-2 (nome oficial do coronavírus causador da covid-19) possa mesmo após a cura da doença, ter complicações que podem afetar órgãos como os rins e o coração. Por isso, a SBC recomenda que pacientes que tiveram doença e já estão recuperados, devem manter o seu acompanhamento médico e estar atentos a possíveis complicações futuras.
De acordo com o membro da SBC e médico do Departamento de cardiologia da Rede MaterDei e do Hospital Belo Horizonte, Augusto Vilela, tem sido bem comum casos como miocardite, trombose e embolia relacionados à covid-19. “O novo coronavírus pode afetar qualquer estrutura do coração, causando inflamação e trombose nos vasos e tecidos”, alerta.
Segundo dados da Associação de Registro de Pessoas Naturais, houve um aumento de 23% no número de mortes por doenças cardíacas inespecíficas nos primeiros seis meses de 2020, em comparação ao mesmo período do ano passado. Oficialmente não foi feita uma relação com a covid-19, mas os cardiologistas já percebem nos consultórios este aumento. Vilela comenta que doenças virais podem atingir o coração causando quadros inflamatórios e que as pesquisa vêm mostrando que o novo coronavírus atinge o sistema cardiovascular com mais frequência, mas não há motivos para pânico. “O acompanhamento médicos e exames frequentes podem evitar complicações maiores”, afirma Vilela.
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