Nakata anuncia saída de Diadema e trabalhadores fazem protesto
O setor automotivo do ABC sofre mais um golpe, agora, com o anúncio da saída da Nakata Automotive. A empresa comunicou os 225 funcionários que irá fechar a planta de Diadema e transferir as atividades para Extrema, em Minas Gerais até o final de março.
Após o comunicado, os funcionários realizaram assembleia na manhã desta terça-ferira, 02 de fevereiro e decidiram iniciar mobilizações em defesa dos empregos.
A decisão da empresa surpreendeu os trabalhadores, já que empresa apresenta boas condições financeiras e e sempre comemorou o bom desempenho da unidade. Para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o anúncio feito pela fábrica, sem nenhuma tentativa de negociação prévia, foi uma “traição” aos trabalhadores. “Esta unidade sempre teve alta lucratividade, nunca falou em sair daqui e agora descobrimos que há quatro anos ela vem se organizando para deixar a cidade. Sem nenhum comunicado anterior aos trabalhadores e ao Sindicato, nos chamou ontem com a decisão tomada”, ressaltou o secretário-geral do sindicato, Moisés Selerges.
Em reunião com representantes da empresa na segunda-feira, o Sindicato apresentou alternativas, mas não houve abertura de diálogo por parte do representante da fábrica. “Em nenhum momento ele abriu a possibilidade de negociar. O sentimento é que estamos sendo traídos há quatro anos, eles dão parabéns pela produtividade, falam que todos são uma família, mas estavam preparando a saída”, completou.
Selerges disse ainda que é preciso fazer uma discussão mais profunda sobre o que está acontecendo no Brasil. “É a política lá em Brasília, ou a falta dela, que decide o futuro aqui. Fábrica está parecendo barraca de feira, cada dia está num lugar e o governo só quer plantar soja, milho, derrubar árvore e matar índio. Temos que discutir isso”.
O coordenador da Regional Diadema, Antônio Claudiano da Silva, o Da Lua, lembrou que a Nakata tem uma história de 65 anos na região. “É uma saída que vai afetar muitas vidas. Nós fomos traídos porque sabemos que essa fábrica tem lucro aqui e não é pouco”. “Qual a sensação que fica para nós que recebíamos tapinhas nas costas e parabéns mês a mês porque a produtividade estava crescendo e agora recebemos uma notícia dessas? A sensação é de total indignação”, disse o coordenador com Comitê Sindical na empresa, Leonardo da Silva Martins, o Cacique.
Foto: Adonis Guerra/ SMABC