Bem Estar

Antirracismo se aprende na escola sim

Em pleno 2024, ter de explicar para crianças, jovens e adultos que racismo é uma coisa muito ruim e que deveria ter ficado no passado remoto, parece surreal. Mas, infelizmente ainda é necessário mostrar os danos causados por esta segregação. E é isso que o Colégio Stocco, em Santo André, tem feito.

Como a informação é a melhor arma, é necessário mostrar os danos causados na sociedade de uma cultura com preconceitos e racistas que dominou, e em certa parte, ainda está presente.  E é com exemplos, com histórias reais que os alunos, desde os pequenos até os do Ensino Médio são orientados.

A Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Educação publicou uma deliberação para intensificar o tema nas salas de aula do município. Por essa razão, o Fórum Municipal de Educação, a fim de contribuir com a formação antirracista nas escolas, organizou as sugestões de propostas pedagógicas para que as escolas pudessem colocá-las em prática durante te os 21 dias. Para isso, foi elaborado o material “21 Dias de Ativismo contra o Racismo no Município de Santo André.”  Entre os profissionais que elaboraram o programa, está Jozimeire Stocco, diretora do Colégio Stocco. A iniciativa se baseou em uma determinação da ONU (Organização das Nações Unidas) de 1966, que proclamou o dia  21 de março com um de luta contra a discriminação racial.

A decisão da Prefeitura não pegou o colégio de surpresa, pois o tema, segundo a diretora, já era trabalhado em sala de aula. “O Stocco forma cidadãos”, ressalta Jozi. A escola trabalha o tema normalmente, com ações voltadas para cada idade. Mas, com a determinação da administração, incluiu os 21 dias nas unidades da escola. Além de palestras e trabalhos, cada turma acompanhou ações que fizessem com que as crianças tivessem a informação do que é racismo com temas específicos para a faixa etária.

“Para os menores, usamos a confecção de bonecas como as abayomis,  que eram feitas por mães em navios negreiros com pedaços de suas saias, para entreter e acolher os filhos escravizados. Para outras turmas filmes mostraram o que acontecia até há poucos anos atrás. “O filme Estrelas Além do Tempo, que mostra o dia-a-dia de mulheres cientistas na Nasa que precisam andar mais de um quilômetro para ir e voltar do banheiro, mostrou o que é o preconceito para os lunos maiores”, destaca Jozi.

 

Palavras e termos que há algum tempo atrás eram normais, hoje sabe-se que são racistas. E isso não é apenas porque alguém resolver dizer que são. Algumas retratam situações vexatórias pelas quais os escravos brasileiros passavam, como criado mudo e segurar velas, por exemplo. Os alunos do Stocco passam a compreender o significado e que devem riscar do vocabulário.

Estas ações que também ocorrem normalmente no dia-a-dia das aulas, sem que haja determinação da Prefeitura, contribui para uma educação antirracista, para que as crianças e jovens de hoje façam a diferença no futuro.

E não é apenas a questão racial que o Colégio Stocco trabalha com os alunos. A indígena, também está na pauta de aulas. “A nossa política antirracista e de inclusão está nos muros externos do colégio, com pinturas de famílias de diferentes raças e indígenas”, destaca.

Em 2024, o Stocco comemora 70 anos de fundação, um dos mais tradicionais do ABC. Sobre a história, Jozi ressalta que o colégio foi um dos pioneiros a ter o ensino inclusivo. “A fundadora Alzira Stocco sempre deixou bem claro que era para acolher a todos. E passado sete décadas, o Stocco mantém essa regra e recebe alunos com Down, TEA, entre outros, e sempre com acolhimento e atenção”, diz a diretora.

Sobre o aniversário, algumas atividades para alunos e para a cidade serão realizadas, mas ainda vale esperar um pouquinho para contar.

 

 

 

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