Economia

Premium Imigrantes: outlet no conceito e preços de shopping de luxo

Depois da Black Friday se transformar em black fraude no Brasil por conta das falsas ofertas, agora é a vez do outlets. Esse tipo de comércio já se espalha pelo país, mas bem diferentes do que o prometido.

Difundidos nos Estados Unidos e outros países, inclusive da América do Sul, como Chile, costumam ser o paraíso das compras dos brasileiros. Há, inclusive viagens apenas para montar casa ou enxoval de bebês. E, mesmo com o valor das passagens e estadia, na questão financeira e de ofertas de produtos, acaba sendo vantajoso. Mas, se a compra for feita em similares no Brasil, a realidade será bem direrente, principalmente em relação aos valores.

Na última sexta-feira, São Bernardo ganhou o primeiro outlet de uma rede no ABC. E a expectativa, como era de esperar, não se mostrou positiva. Pelo contrário, foi de frustração. O primeiro final de semana foi um verdadeiro pesadelo para os consumidores que tentaram chegar pelo menos para conhecer o Outlet Premium Imigrantes. Apesar da boa sinalização feita pela Prefeitura, que ajudou bastante o acesso ao local, o congestionamento de horas travou uma região próximo à rodovia dos Imigrantes e ao Rodoanel. Os que não desistiram no meio do caminho e conseguiram superar o primeiro obstáculo após mais de uma hora para percorrer 300 metros, já tinham à frente o novo desafio. As rampas que levam às vagas estavam abarrotadas.

Quem finalmente entrou, após, no mínimo, duas horas de aventura, se depara com espaços lotados, vendedores perdidos, tentando se esforçar ao máximo para fazer bonito logo nos primeiros dias, muita falta de organização, máquinas para validar tíquete de estacionamento quebradas, elevadores parados e muitos outros problemas. Até o cafezinho ficou complicado, demorando 45 minutos para o atendimento em uma rede famosa. Se a intenção era ir em algum restaurante, bem, a coisa ficou ainda mais difícil, ou impossível. A praça de alimentação é pequena e com poucas opções para o volume de visitantes.  Mas, como brasileiro não se importa com nada disso, se o preço desse para garantir boas comprinhas, teria valido todo sufoco.

Mas, já era de esperar que outlet no Brasil é completamente diferente do resto do mundo. Apenas o nome e o estilo open mall (shopping aberto) lembram que ali as marcas deveriam vender bem mais barato. O valor das mercadorias estava caro, muito caro. A opção de muita gente foi deixar todo o desconforto e confusão para quem chegava e partir para um shopping tradicional. Sim, quem foi em busca de um presente ou outro artigo específico achou, até mais barato, nos tradicionais shoppings do ABC.

Se a administradora não contava com o volume de visitantes, não sei. Mas, com certeza deveria ter se preparado para um fluxo importante e, quem sabe, restringir a entrada a uma quantidade suportável de pessoas. Quanto aos problemas estruturais, já na inauguração, um dia antes, estavam assim e com menos clientes. E mesmo já conhecendo onde estavam as falhas, nada foi feito pela administração para solucionar.

Como a primeira impressão é a que fica, muitos possíveis clientes afirmaram nunca mais voltar. Entre aqueles que conhecem outlets fora do Brasil, a frase mais ouvida era que é mais fácil pegar um avião do que voltar ali por conta dos preços irreais para um comércio do tipo.

 

 

Positivo

Mas, nem tudo é ruim no Outlet Premium Imigrantes. A localização permite fácil acesso não apenas para quem está na rodovia dos Imigrantes ou no Rodoanel, mas para todo o ABC.
A geração de emprego e o fato de levar comércio de grande porte e boas marcas para uma região cujo setor logístico domina, merecem elogios. A região do Bastitini e Grande Alvarenga recebeu melhorais estruturais por parte da Prefeitura, como asfalto e iluminação, o que, com toda certeza, melhorou a vida dos moradores. Os empregos foram preenchidos pelos vizinhos do empreendimento, favorecendo uma região com alta densidade demográfica da cidade.

Outro ponto positivo é a variedade de marcas com lojas no local. Algumas com a primeira unidade na região.

 

 

Melhorias

Ao invés de investir em influenciadores mostrando coisas que não existem, afinal eles são pagos para isso, deveriam dar lugar a dicas de melhores horários e dias para visitar o local e também mostrar marcas inéditas no ABC e a estrutura, que supera a dos estrangeiros. A tranquilidade e os descontos passados nas redes sociais não existem presencialmente e o consumidor percebeu isso, basta olhar os comentários nos vídeos do Outlet e dos influenciadores contratados.

As críticas também deveriam ser consideradas. As coisas só melhoram quando as falhas são mostradas. A mídia do ABC há muito deixou essa preocupação de lado. O importante é agradar, como se fossem influenciadores digitais. O medo de perder as verbas publicitárias impede que a coerência chegue ao leitor. É mais fácil dizer que o caos ocorrido no último fim de semana foi o outlet “bombando”. Jornalismo se faz com crítica, com verdade, com apuração.  Para o leitor, apenas chega o que foi copiado, nada mais. E a verdade fica de escanteio.

 

Fotos: Eagle News e Divulgação

 

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