Economia

Mercado de trabalho: sobram vagas, falta qualificação

A taxa de desemprego no Brasil está em queda, em torno de 8%. Entretanto, ainda há a percepção de que muita gente continua em busca de uma vaga no mercado de trabalho, contrariando os números oficiais.  E, infelizmente, é verdade, há um número significante de pessoas que desistiram de procurar trabalho formal ou que decidiram partir para o empreendedorismo.

Um dos setores afetados pela falta de mão-de-obra qualificada é o da construção civil. Mas não é o único. Comércio e área gastronômica, por exemplo, também têm dificuldade em encontrar funcionários capacitados. E não são apenas cargos de nível superior, com exigência de diploma e ou conhecimentos bem específicos, as vagas mais simples também demoram para serem preenchidas e até exigem que o empregador fique responsável pela qualificação.

Na construção civil, segundo Milton Bigucci Júnior, diretor da Construtora MBigucci e presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradores do ABC),  o setor poderia estar melhor, com crescimento maior se não tivesse que enfrentar alguns problemas com as ainda altas taxas de juros, o custo da matéria-prima, e a contratação de pessoal. “É um combo que não ajuda o setor”, destacou.

A solução para o setor tem sido qualificar os profissionais. Na Construtora Patriani, por exemplo, a falta de profissionais atinge desde a obra até o escritório. A alternativa encontrada, segundo o CEO da empresa, Bruno Patrini, foi formar profissionais. “Estamos qualificando mulheres para as atividades mais delicadas e detalhistas da obra. Mas a dificuldade para preencher vagas também é da área administrativa.” O desenvolvimento é feito em parceria à ONG Mulheres em Construção.

“O objetivo dessa colaboração é empoderar as mulheres por meio de oficinas que proporcionarão, não apenas habilidades técnicas, mas também resgatam valores, direitos e independência econômica, promovendo uma valorização genuína da força de trabalho feminina. “Acreditamos que, ao oferecer oportunidades igualitárias para as mulheres na construção civil, estamos contribuindo para a criação de um ambiente mais justo, inclusivo e empoderador para todos os membros de nossa equipe”, explicou Juliana Quintino, Superintendente de Recursos Humanos da Patriani.

A Patriani esteve presente no último Feirão do Emprego de São Bernardo, realizado em agosto. Na ocasião, foi possível presenciar entre os que buscavam uma vaga, pessoas mais velhas, com 40 anos ou mais. O prefeito Orlando Morando, na ocasião, destacou este fato e ressaltou que a Prefeitura de São Bernardo promove cursos profissionalizantes gratuitos. As vagas para deficientes, segundo ele, também são difíceis para serem preenchidas. Por este motivoo, na última semana foi realizada uma ação para colocar os empregadores próximos aos candidatos, em um feirão para PCD.

 

 

 

Comércio

E a busca por funcionários capacitados também chega ao comércio. Segundo o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo) , Valter Moura Júnior, a entidade também contribui com cursos profissionalizantes em diversas áreas. O mesmo ocorre com o Sehal (Sindicato da Empresas de Hospedagem e Alimentação do ABC). Um dos últimos cursos foi de produção de hambúrgueres.

Reinaugurado há pouco mais de um mês, o Carrefour Bairro do Nova Petrópolis, contratou 35 novos funcionários. Mas também não foi fácil recrutar. Para conseguir preencher as vagas, as pessoas receberam treinamento para se tornarem pizaiolos, confeiteiros, padeiros e sushiman. A empresa acrescenta que sabe que os contatados podem mudar de emprego a qualquer momento, mas que é um risco que correm.

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