“Fui adotada aos 56 anos”, diz psicóloga que auxilia famílias com filhos do coração

É cada vez mais comum mulheres que se dedicam à carreira e optam por não ter filhos cedo, enquanto a vida profissional não alcança o topo. E essa também é a história da psicóloga Maria Angélica Amarante dos Anjos, de São Bernardo. Pelo menos no começo.

Quando finalmente resolveu se casar e constituir uma família, ela já tinha 47 anos. Ter filhos passou a fazer parte sim da sua vida, mas um filho do coração. Porém, problemas familiares como doenças e óbitos atrasaram o sonho da adoção.  Mas, como ela mesma diz, tudo tem o seu tempo e, se tivesse adotado antes, não teria seu filho.

“Ele nasceu dois meses depois do meu casamento, mas demorei oito anos para conhecer meu filho”, conta Angélica. A criança só foi liberada para adoção alguns meses antes de ela e o marido terem entrado no SNA (Sistema Nacional de Adoção).  Eles se conheceram em 24 de outubro de 2014 e, em 12 de dezembro daquele ano o garoto entrou definitivamente para a família. “Esta data é especial, comemoramos todos os anos”, disse.

Entretanto, assim como uma mulher que acaba de dar à luz passa por conflitos, depressão, fica estressada, ou melhor, aprende a ser mãe, quem adota também passa pelo mesmo processo. E a criança também. Ele terá que aprender a ser filho. A diferença é que este filho já é maior, tem lembranças e traumas do passado.

“O ano de 2015 foi agitado. Demandas como pais, do filho e do relacionamento”, lembrou. “A questão mais desafiadora da adoção é o depois, o pós. A sensação é que não há apoio”, lembra a psicóloga que já estava aposentada e resolveu voltar a trabalhar. Antes, porém, ela  buscou ajuda para superar os desafios de ter se tornado mãe aos 56 anos e encontrou um grupo em Santo André que lhe abriu muitos caminhos, mostrando inclusive que há diversos Grupos de Apoio à Adoção em todo o nosso país.

“Este grupo foi meu anjo da guarda”, afirma Angélica. Após superar as dúvidas e os desafios da adoção tardia, ela resolveu ajudar outras famílias que passam pelos mesmos problemas. Construiu uma página no Facebook intitulada Anjos da Guarda Serviços de Apoio à Adoção, onde passou a publicar matérias, textos, responder às dúvidas dos adotantes de todo o país e fazer palestras.

Além das palestras, Angélica partiu para a literatura. Por meio de um concurso cultural, ganhou a edição de seu primeiro livro, o “Fui adotada aos 56 anos – uma história real de adoção tardia”, no qual conta sua história, sua experiência e traz ao leitor vários pontos de reflexão a respeito do tema. A divulgação também se transformou em ajuda para famílias com filhos do coração.

“O ano de 2019 foi glorioso, viajamos, fomos em muitos grupos de adoção, conhecemos muitas pessoas em processo de adoção.  A adoção tardia esbarra em muito preconceito, não só dos pais, mas também quando a criança tem mais idade. Com mais de três anos já se considerada como tardia.  Ainda existe procura maior por crianças com menos idade. Mas, já melhorou um pouco. As crianças com mais de sete anos ainda enfrentam barreiras para serem adotados”, disse a psicóloga.

A divulgação de seu primeiro livro se transformou em uma espécie de terapia para pessoas que estavam no processo de adoção ou que buscavam entender toda a situação.

A pandemia interrompeu suas atividades presenciais, mas Angélica manteve o trabalho de forma remota e ainda aproveitou para vencer mais um concurso e garantir a edição do seu  segundo livro, Histórias na Varanda,  que fala sobre adoção, relacionamentos familiares e afetivos e outros contos que auxiliam o leitor a se conhecer melhor.

Um terceiro livro está em andamento, aguardando o resultado de mais um concurso cultural.  Esta obra trata do tema da adoção sob uma ótica mais ampla, das crianças com algum tipo de deficiência que são adotadas e da nossa responsabilidade social e ecológica.  E abordará também a questão LGTB. Ah, ela não vê a hora de voltar às atividades presenciais.

Os livros tem um valor especial, tornando-os acessíveis para as famílias que precisam entender o processo de adoção.

 

 

Como comprar:

Para adquirir o livro Fui Adotada aos 56 anos- uma história real de Adoção Tardia, enviar um pix no valor de R$ 31,50  para a chave (11)972575660 . Para adquirir o livro Histórias na Varanda, o pix é de R$ 37,00. Depois, envie seu nome e endereço de correspondência para este número de celular.

Fotos: Arquivo Pessoal

 

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