Bem Estar

Após perder filha em seus braços, mãe supera dor ajudando moradores de rua

Como homenagear as mães no seu dia. Como escolher apenas uma para representar todas aquelas que lutam,  amam,  brigam, dão força,  estão ao lado dos filhos em qualquer momento? Poderia escolher aquela mãe que tenta, mesmo não tendo formação, ajudar os filhos nas aulas online e trabalhar ao mesmo tempo. Ou, aquela que cria sozinha os filhos após ser abandonada pelo pai da criança. Ou, ainda aquela que não mede esforços para levar o alimento para os filhos. Mas, a escolha for diferente, foi por uma mãe que perdeu sua filha, literalmente em seus braços, há alguns meses e mesmo com toda a dor inimaginável  ela encontrou forças para ajudar ao próximo.

A nossa  mães é da Silvia Garcia. Mãe de uma família unida, alegre, feliz, que batalha,  luta,  se dedica a ajudar aqueles que passam necessidades, mas que neste 09 de maio vai estar incompleta pela primeira vez.  No dia 09 de dezembro de 2020, há exatos cinco meses, ela perdeu sua filha, Milena, aos 22 anos em seus braços.  Ela trocou sua dor de lado, ainda que tenha muita, o choro e o desespero, por ações que engrandecem. Ao invés de se trancar em casa e dar espaço para a depressão, ela foi à luta, foi ajudar quem perdeu tudo, e até a dignidade.

Milena, que completaria 23 anos no dia 18 de dezembro, teve um mal subido uns dias antes. Como estava terminando seu mestrado, estava ansiosa. Procurou o médico e estava com a pressão descompensada, mas nada de grave foi detectado. Voltou para casa e estava bem, aparentemente normal.  Porém, após um movimento teve uma convulsão, mas conseguiu voltar. Novamente seria necessária a ida a um hospital. Ela não conseguiu subir as escadas para chegar ao carro.

Sua família imediatamente chamou uma ambulância. Milena, não conseguiu esperar. Mais uma convulsão e a parada respiratória. Silva, formada em instrumentação cirúrgica, fez por 20 minutos respiração boca-a-boca e massagem cardíaca na filha desacordada até a chegada dos paramédicos.  Milena já havia entrado em óbito, atestado no local pelos profissionais.

Milena nasceu e logo foi levada para os braços de Silvia. E partiu nos braços da mãe.

Silvia é espírita, assim como era Milena e toda a família. Estudam e trabalham em um Centro Espírita de São Bernardo. Mas a dor da perda de um filho é dura em todas as religiões. Para superar os piores momentos, ela precisou colocar em prática as lições da doutrina. “É a hora de dar o testemunho de tudo aquilo que aprendi no Espiritismo”, disse Silvia. Fácil, não, mas um alento para seguir em frente. Além de Milena, ela tem outro filho, um rapaz um ano mais novo que a irmã. Há também o marido, Fábio, que descobrir câncer no fígado e intestino e está em tratamento.

Mesmo quando o universo parece conspirar contra você e sua família, ainda há forças e vontade de ajudar aqueles que passam por situações ainda piores.

Em dezembro de 2018 Silvia, Milena e Fábio participaram pela primeira vez de um trabalho de distribuição de comida a moradores de rua. O marmitex era entregue uma vez por mês. Depois da partida da filha e companheira de trabalho, Silvia, Fábio e vários amigos, montaram uma ONG (Organização Não Governamental) para ajudar ainda mais aqueles que estão nas ruas com frio, fome, sem trabalho e um local digno para dormir. O nome, Mih de Milena.  “É este trabalho que tem me dado força para seguir em frente”, disse a mãe de Milena.

Nestes cinco meses, já conseguiram um espaço físico, fogão, geladeira, freezer, armários, toda a estrutura para iniciar a distribuição de alimentos para as pessoas que estão nas ruas. Mas, dar o peixe não é solução, é preciso ensinar a pescar. E assim além dos alimentos, roupas, kits de higiene, a Mih de Milena dará cursos de panificação e confeitaria básicos.

“Assim que pudermos montar as turmas, após a pandemia, vamos ajudar desempregados, pessoas em dificuldade financeira a ter uma renda. Seja produzindo pães e bolos, ou se com uma qualificação que ajude na hora de conseguir um trabalho”, ressalta Silvia.

A entrega de marmitex agora ocorre duas vezes por semana. Cento e dez unidades são entregues por noite, além de cobertores, roupas e kits de higiene (sabonete, shampoo, lâmina de barbear, absorventes). Este trabalho foi batizado de Mihnha Comida no Prato.  Já, o de cursos, Mihnha Vida de Volta.

A meta é aumentar a quantidade de pessoas atendidas, ampliando a quantidade de alimentos entregues diariamente. Segundo Silvia, houve um crescimento do número  de pessoas que recebem a comida. “Antes a gente conseguia deixar dois marmitex com cada pessoa, para garantir a alimentação do dia seguinte. Hoje, não dá mais.” Além dos moradores de rua, há famílias que recebem cestas básicas.

Como Ajudar

Qualquer pessoa pode ajudar com a doação de alimentos e produtos de higiene pessoal. A Mih de Milena também precisa de embalagens vazias de sorvete ou margarina (a partir de 500 gramas) e garrafinhas de água vazias.

Porém, por conta da pandemia, a ONG recebe as doações por agendamento, evitando aglomerações. Se você tiver roupas (homens, mulheres, crianças e até bebês),mantimentos, produtos de higiene ou qualquer outra coisa, os números de WhatsApps são: da ONG – (11) 95782-9769 ou do própria Silvia, (11) 95578-0621.

 

Fotos: Arquivo pessoal.

 

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