Seis milhões de empresas estavam inadimplentes no mês de junho, aponta Serasa

São Paulo 30/8/2022 – A etapa de execução dessas estratégias pode ser um pouco complicada no início, mas contar com ajuda especializada é uma boa opção

De acordo com levantamento, do total de empresas inadimplentes, mais de 5,5 milhões eram micros e pequenas empresas. Segundo especialista em negócios, as organizações de menor porte precisam tomar alguns cuidados para evitar o endividamento e não comprometerem sua permanência no mercado.

A crise econômica no Brasil tem afetado de maneira mais pontual as micro e pequenas empresas (MPES), como mostra levantamento da Serasa Experian do mês de junho. Segundo a organização, no sexto mês do ano, mais de 6 milhões de empresas estavam inadimplentes e, desse total, mais de 5.548.615 eram organizações de menor porte. O volume de dívidas desse segmento ultrapassa R$ 38 milhões e, em média, há sete tipos de dívidas por CNPJ.

O boletim econômico da Serasa Experian também mostrou que as empresas do setor de Serviços foram as principais devedoras, com 52,9% do total. Em seguida, vêm os setores de Comércio (38%), Indústria (7,9%), Primário (0,9%) e outros (0,4%). No setor de Serviços, o número de inadimplentes teve variação de 0,7% em relação ao mês anterior.

O endividamento é uma um fator negativo para a saúde financeira da empresa, mas nem sempre significa risco de sua extinção. Segundo o administrador de empresas Sérgio Wander de Lima, alguns cuidados podem ser tomados para não prejudicar um negócio com dívidas acumuladas. Ele explica que os gestores precisam levar em consideração algumas premissas, como o planejamento de compras, contenção de despesas, controle de desperdícios, gestão financeira eficiente e gestão de recursos humanos alinhadas com o propósito da organização.

“É preciso planejar a aquisição dos materiais com pesquisas de preços para compra acertada, contenção de despesas que possam ser postergadas, fazer o controle de desperdícios, promover vendas sólidas com recebimento mais seguro possível”, diz ele, acrescentando que também é necessário “um sistema gerencial muito bem fundamentado com controle total, desde a cotação do produto oferecido pela empresa até a venda efetivada, controlando estoque, área financeira, pagamento de tributos, e ajuste de lucros”.

O administrador explica ainda que, para minimizar o impacto das dívidas no funcionamento da empresa, é preciso colocar algumas estratégias em ação, como conhecer todas as dívidas, diminuir estoques, controlar despesas, além de evitar o assumir taxas de juros altas, o atraso de salários e do pagamento de impostos. “A etapa de execução dessas estratégias pode ser um pouco complicada no início, mas contar com ajuda especializada é uma boa opção”, ressalta.

É preciso entender problemas estruturais

O administrador Sérgio Wander de Lima enfatiza que entender o sistema de juros brasileiros é muito importante para administrar as dívidas que a empresa tem ou as que planeja assumir. Ele lembra que quando o problema nas finanças da empresa é estrutural, as estratégias acima citadas podem ser insuficientes.

“Apesar do recente movimento de queda nos juros, o custo do capital no Brasil ainda é o mais caro do mundo. E qualquer desajuste nessa área pode ser fatal para o negócio. Embora todos os conceitos dos parágrafos anteriores sejam válidos, essas alternativas não são capazes de evitar o efeito “bola de neve” quando o problema é estrutural”, diz ele.

Um conselho que Lima dá aos gestores, especialmente os de micros e pequenas empresas, é separar as finanças pessoais das finanças da empresa. “Isso é importante para não correr risco de endividamento. Também é importante detectar impactos que possam afetar o caixa, manter atenção a custos invisíveis e, principalmente, ter cuidados com endividamentos”, conclui o profissional, que tem 10 anos de experiência na área de gestão.

Em 2022, mais de 900 mil empresas já foram extintas, segundo Ministério da Economia

O enfrentamento da crise econômica tem se tornado uma batalha perdida para muitas empresas. Só neste ano, até o mês de julho, 982.341 empresas já foram extintas, sendo 948.599 matrizes e 33.742 filiais. Os dados são do Mapa de Empresas, do Ministério da Economia. Somente no sétimo mês do ano, foram 150.360 fechamentos, número um pouco maior do que no mês anterior, quando foram encerradas 134.831 empresas.

Em 2021, o total de empresas que encerraram suas atividades ultrapassou 1 milhão, chegando a 1.414.216 negócios extintos, o que representa um pouco mais de um terço das organizações abertas, que alcançou 4.029.724. Neste ano, até o mês de julho, foram abertas 2.356.328 empresas.

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