Falta de peças faz Mercedes-Benz colocar 5 mil trabalhadores em férias coletivas

A falta de componentes eletrônicos, os semicondutores, que deixou vários metalúrgicos em casa por alguns meses no ano passado, continua atrasando a produção das montadoras do ABC.

 

Hoje, a Mercedes-Benz informou que colocará em férias coletivas cerca de 5 mil trabalhadores nas áreas de caminhões, ônibus e agregados, da planta de São Bernardo, em função da falta de componentes eletrônicos. Os metalúrgicos ficarão fora da fábrica de 18 de abril a 03 de maio. A montadora já havia colocado cerca de 1,2 mil trabalhadores em coletivas no mês de março por problemas na cadeia de fornecimento de peças.

 

O coordenador do Comitê Sindical na Mercedes-Benz, Sandro Vitoriano, disse que a montadora alega que as empresas fornecedoras das peças não vão conseguir atender a demanda da fábrica principalmente na questão dos semicondutores.

 

“Com isso, todo o processo de produção ficará parado neste período. Novamente haverá interrupção dos processos de contratações. Nossa apreensão é como ficará o cenário no segundo semestre com tantas incertezas”, afirmou Vitoriano.

O diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou que o anuncio destas férias coletivas mostra a falta de planejamento e de debate por parte do governo federal sobre novas tecnologias, inovação e desenvolvimento.

“Esse é um debate antigo que estávamos fazendo no Brasil. Já sabíamos que precisávamos desenvolver alguma parte da cadeia de valor de semicondutores e o que o governo atual fez foi o desmonte do segmento no País. Agora estamos reféns, mais do que nunca, da importação dos semicondutores”, ressaltou Oliveira.  “A falta de componentes leva ao colapso dos poucos setores que estão ‘em pé’ neste momento da economia. Um colapso, por falta de peças, é absurdo ao pensarmos na economia como um todo”, completou o dirigente.

No final de fevereiro, quando a montadora anunciou que daria férias coletivas, o Sindicato lembrou que a perspectiva do mercado de caminhões era maior do que ano passado e que, pouco antes daquele anúncio, a empresa cogitava contratar.

Entre os motivos citados para o aquecimento do setor estavam o fato de a demanda ter ficado reprimida em função da pandemia de covid-19, a aceleração das exportações geradas pelo agronegócio e a antecipação das compras provocadas pelo Euro 6, conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel.

Segundo o Sindicato,  a planta da Mercedes-Benz em São Bernardo conta com cerca de 9 mil trabalhadores, sendo cerca de 6 mil na produção.

 

Foto: Divulgação 

 

 

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