Escolas e pais do ABC criam grupos para troca de uniformes e materiais

Quem nunca lá em julho, no inverno, abriu o armário do filho, pegou o uniforme quentinho do ano anterior e foi vestir na criança? Com certeza descobriu que ele cresceu pelo menos 20 centímetros. A calça ficou na canela e a blusa deixou metade do braço de fora. Mas, como a descoberta ocorre sempre na hora de sair para a escola, a criança vai assim mesmo, fantasiada de Mazzaropi. E lá vai  a mãe comprar uniforme novo.

Mas, há algum tempo o “novo” não precisa ser da loja. O novo pode vir de uma troca, por que não? Há muito as roupas usadas deixaram de gerar preconceito e hoje fazem parte do nosso dia a dia. Imagina deixar o uniforme que não serve mais e pegar um que pode ser usado por mais um ou dois anos sem pagar nada. Financeiramente é maravilhoso e é o sonho de toda família.

E isso existe. Além dos grupos nas redes sociais, nos quais é comum ver venda e troca de material e uniformes usados entre as mães, há outros presenciais. Alguns feitos pelas próximas escolas.

Nas unidades do Colégio Adventista do ABC, aquelas uniformes que são perdidos durante o ano e nunca mais encontrados pelas crianças vão para um tipo de feira. Lá são colocados para os pais, em dia determinado, pegarem os que servem para as crianças. Os que quiserem podem deixar os uniformes que não cabem mais nos filhos.

Segundo Marizane Piergentille, diretora de educação da rede do ABCDM e Litoral, a medida ajuda muito “Dificilmente uma criança usa o mesmo uniforme por mais de dois anos, elas cresce e ficam pequenos. A rede tem como preocupação ajudar as famílias, inclusive com gastos”, ressaltou.

No Colégio Stocco, em Santo André, segundo o diretor Roberto Belmonte, o sistema é parecido. Os uniformes esquecidos que nunca voltam para os donos são lavados, embalados e também em reuniões ficam à disposição dos pais.

“É uma questão de sustentabilidade e que parte do projeto educacional da escola. Muitas vezes as roupas estão novas. E a criança já começa aprendendo que esta troca é importante para economia e também para o meio ambiente”, destacou. Além disso, os pais podem levar uniformes e livros que não são mais usados para irem para a troca.

No Colégio Liceu Jardim, também em Santo André, as mães são responsáveis pelo Projeto de Troca. A escola abraçou, mas são as mães que seguem regras e que cuidam do espaço.

 

 

Para cada item há uma pontuação. Os responsáveis deixam no Projeto e recebem créditos para trocar pelo que precisam e não precisa ser na hora. Pode ser uniforme, livros didáticos e paradidáticos, enfim tudo o que a criança usa na escola.

 

Uma das criadoras do Projeto, Karina Gouveia, conta que quando matriculou os três filhos no Liceu precisou comprar uniforme para todos. “Sai pedindo no condomínio para pessoas que tinham filhos na escola os uniformes que não serviam mais”, disse. Depois disso, outras duas mães se uniram para desenvolver o sistema de trocas, Rebeca e Luciana. A Rebeca faleceu em 2021 por conta de um câncer.

O Projeto de Trocas, que existe desde 2015, tem marcas importantes. No dia 27 de janeiro deste ano, foram 99 atendimentos, sendo que 999 livros entraram ou saíram e 1016 uniformes também trocaram de mãos. “Hoje não há mais o preconceito de usar uniforme usado. Em outros países isso é comum”, reforça Karina.

Na foto abaixo, uma homenagem para a Rebeca, uma das criadoras do Projeto de Troca (ela é a do meio. Na esquerda a Karina e à direita, Luciana.

 

 

Fotos: Divulgação

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