Bem Estar

Cegonheiros aumentam segurança nas pistas com poda de árvores nas rodovias

Quem já se deparou com uma cena na qual um caminhão enroscado em galhos de árvores  causa um transtorno para a população das proximidades e nas vias? E se isso ocorrer em uma estrada? O prejuízo é de quem? Para o caminhão, com certeza. E você sabe quem é responsável pela poda das árvores? Nas cidades, as prefeituras.

E nas estadas? O Brasil tem cerca de 1,7 milhão de quilômetros de rodovias, e se nem todas recebem a manutenção que precisavam, imagina a poda das árvores? Mas tem uma turminha que conhece muito bem os caminhos por onde passa e acaba contribuindo, e muito, para a solução de problemas: os cegonheiros.

Além de fazer o papel de cegonha e levar o bebê, no caso o carro, ao pai, proprietário, eles zelam também pelo caminho. Mas, se o pássaro conta com o céu, os caminhoneiros precisam usar as rodovias. Para manter a segurança, fazem a sua parte e contribuem para a manutenção.

Pouca gente sabe, mas um dos maiores programas de poda de árvores, essenciais para evitar acidentes no trânsito, é realizado pelo Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), entidade que representa profissionais que transportam carros zero quilômetro em carretas de até 4,95 m de altura.

Somente no ano passado, as equipes do Sinaceg podaram árvores em 3.200 quilômetros de rodovias e 200 quilômetros em ruas e avenidas localizadas em cidades do país. É um recorde que representa um aumento de mais de 15% do que a entidade havia registrado em 2023 (2.900 quilômetros).

“A poda de árvores é uma missão do Sinaceg assumida há 17 anos para ajudar a sociedade e evitar que os carros sejam riscados ou danificados por galhos longos, uma vez que nossas cegonhas são altas”, diz José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, presidente do Sinaceg, reeleito para o segundo mandato consecutivo na entidade no final de 2024.

Desde 2008, quando foi iniciado o programa de tratamento das árvores pela entidade, mais de 200 mil quilômetros de ruas e estradas foram atendidos, ao longo de todo o país. Ao todo, são cerca de R$ 2 milhões anuais investidos pelo sindicato no programa.

Para os trabalhos, só o Sinaceg conta com 21 profissionais que atuam em quatro equipes de poda. Eles usam 12 motosserras, 4 moto podas e 4 caminhões Munck, além de 4 kombis. 

Afora as equipes diretas, o sindicato conta ainda com cerca de 25 profissionais, que atuam por meio das empresas terceirizadas. 

“Nesse ano de 2024, aumentamos as parcerias e por isso obtivemos esse acréscimo de mais de 15% nos serviços prestados”, diz Márcio Galdino, diretor-regional do Sinaceg e coordenador das ações.

 

Cuidado ambiental

Todos os serviços respeitam a legislação ambiental. Galdino destaca que a obtenção das licenças ambientais necessárias ao manejo das árvores chegou a ser uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo sindicato no passado por conta das legislações locais. 

O entrave foi resolvido depois que o sindicato passou a contar com um profissional capacitado, que coordena e realiza a obtenção dessas liberações junto aos órgãos competentes. Além disso, o sindicato conta com representantes legais em diversas regiões do Brasil, que auxiliam na obtenção das liberações.

Se há uma razão econômica para o trabalho (a proteção dos veículos), os impactos sociais do projeto são tão ou mais importantes, destaca Boizinho. “Além da danificar veículos, árvores não tratadas podem provocar acidentes nas rodoviais”, o sindicalista explica. “Faz parte da nossa missão institucional impedir acidentes e zelar pela segurança nas ruas e estradas.”

Nas rodovias, sem a poda, os galhos das árvores avançam sobre a pista. Segundo Galdino, há ainda os bambuzais. Logo após as chuvas, os arbustos de bambus crescem muito e acabam por formar túneis sobre as estradas. 

Além disso, há o risco de queda com as tempestades de verão, o que afeta principalmente áreas urbanas. “A poda regular e adequada ajuda a prevenir acidentes e proteger a vida de cegonheiros e moradores das cidades”, enfatiza Galdino.

Galdino diz que, entre as maiores dificuldades para prestar o serviço estão, as condições climáticas, como chuvas e neblinas; as estradas com pavimentos irregulares ou precários; os acostamentos baixos que dificultam o tráfego e, ainda, as curvas e lombadas que diminuem a visão do usuário. “Estes são empecilhos consideráveis na execução dos trabalhos”, Galdino explica. “Afinal, a meta é priorizar sempre a segurança de todos os usuários de trânsito.” 

 

Estrutura                   

O trabalho com poda de árvores teve início em 1996, com uma equipe. Em 2008, quando José Ronaldo Marques da Silva assumiu o primeiro mandato, o sindicato deu um upgrade no serviço, com a preparação e inclusão de mais duas equipes. Hoje, há quatro equipes, alcançando assim mais pontos em todo território nacional. 

Eram duas equipes. “Aumentamos para quatro equipes, com funcionários do SINACEG, divididas por regiões do Brasil”, explica Galdino. 

Uma das equipes opera no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Outra, na região Norte do país, de Tocantins para cima, até o Pará. A terceira atua na região Nordeste. E ainda há uma focada em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. 

O serviço é organizado com base nas rodovias que cortam o Brasil: a BR-116 e a BR-101. A BR 116 corta o Brasil de norte a sul pelas montanhas e vales e a BR 101 pelo litoral. 

“Essas rodovias são corredores de escoamento muito importantes”, diz Galdino, ao mencionar também a BR conhecida como Belém-Brasília. As equipes trabalham nesses pontos estratégicos durante o ano todo. “Temos as outras artérias que vão para as capitais”, afirma Galdino. Ele cita duas equipes terceirizadas que fazem as podas no interior de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. 

“Vale salientar que contamos com o apoio de algumas prefeituras pelo Brasil que nos auxiliam em suas cidades nos trechos urbanos.” 

 

O papel dos cegonheiros

De acordo com Galdino, as demandas para poda de árvores chegam por meio dos cegonheiros que utilizam as estradas e por empresas de transporte. “Os cegonheiros são os nossos principais olhos.”

 

Foto: Reprodução

 

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