Bridgestone deixa de produzir pneus de veículos de passeio e vai demitir 600 em Santo André. Setor quer redução de juros
A fabricante japonesa de pneus Bridgestone anunciou nesta segunda-feira, 08 de abril, que deixará de produzir pneus para veículos de passeios na planta de Santo André e vai demitir cerca de 600 funcionários até o fim deste ano. A fábrica no ABC tem atualmente cerca de 3,4 mil funcionários e, com as mudanças, o número cairá para 2,8 mil trabalhadores.
A produção de pneus de passeio e de camionetes ficará concentrada na fábrica de Camaçari, na Bahia. As mudanças, segundo nota da Bridgestone, fazem parte de “um processo contínuo de avaliação do negócio e do mercado, para assegurar a competitividade da companhia e determinar a melhor alocação de recursos”.
Juros
O setor automotivo brasileiro, que já foi uma das atividades que mais puxaram o desempenho da economia, encontra-se estagnado há alguns anos. E a retomada parece distante segundo a Anfavea (Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Em coletiva realizada nesta segunda, o presidente da entidade, Marcio de Lima Leite, apontou que o primeiro quadrimestre foi ruim para o setor. “O ano de 2022 foi marcado por uma crise muito forte da indústria automobilística, principalmente em relação à produção, e pela falta de semicondutores. Isso acabou refletindo, tanto em exportação, quanto em mercado interno e a produção”, disse o presidente da Anfavea.
A alta taxa de juros básicos (Selic), hoje em 13,75%, é um dos principais problemas do setor. “Vamos continuar dando notícia de paralisação nas fábricas ou as notícias serão piores?”, desabafou Leite.
Em abril, a produção caiu 3,9% na comparação com o mesmo período de 2022, quando havia falta de semicondutores. No mesmo mês, a exportação caiu 24,1%. O mercado interno vai bem e teve alta de 9,2% em abril na comparação com abril passado. Novamente o desempenho das vendas de novos foi puxado pelas locadoras, que voltaram às compras de novos.
O problema, ressaltou o presidente da Anfavea, é a falta do consumidor que costumava passar o fim de semana nas concessionárias em busca de um modelo novo para a troca do usado. A falta de uma linha de crédito compatível com o bolso do brasileiro é o principal motivo. O executivo ressalta que o atual nível das taxas de juros é incompatível com o a retomada do crescimento do mercado interno de veículos de passeio.
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