Obesidade pode agravar apneia do sono e outras doenças

Aracaju/SE 4/8/2022 – A associação entre obesidade e distúrbios do sono tem sido observada há muitos anos, por muitos outros estudos científicos realizados ao redor do mundo.

Doença vem atingindo sobretudo as mulheres, que são maioria em uma pesquisa sobre má qualidade do sono; professora de Medicina explica como a doença ocorre e quais os seus malefícios para a saúde

A falta de um sono adequado é um problema cada vez mais presente na realidade do brasileiro. É o que aponta uma pesquisa recente realizada por professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo, publicado pela revista científica Sleep Epidemiology, entrevistou um total de 2.635 adultos em todas as regiões do país, constatando que 65,5% deles admitiram ter algum tipo de problema com o sono. A maioria, principalmente mulheres, alegou problemas como insônia, interação constante com smartphones e presença de outra pessoa com ronco ao dormir. 

No mesmo sentido, outra pesquisa científica aponta a frequência igualmente constante na população de outro problema correlato: a obesidade. De acordo com o estudo sobre o impacto da epidemia de obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS), realizado por 17 pesquisadores do Brasil e do Chile, a parcela da população brasileira com excesso de peso aumentou de 42,6% em 2006 para 55,4% em 2019, podendo chegar a 68% em 2030. Já a soma das pessoas obesas saiu de 11,8% para 20,3% no mesmo período, com projeção para 26% daqui a oito anos. 

A associação entre obesidade e distúrbios do sono tem sido observada há muitos anos, por muitos outros estudos científicos realizados ao redor do mundo. De acordo com a professora Arlete Cristina Granizo Santos, do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), ela pode ser observada tanto em homens quanto em mulheres. Porém, o que diferencia entre os sexos é o período onde existe uma maior susceptibilidade para a apneia do sono. 

Nas mulheres, os fatores predisponentes, com destaque ao aumento do abdome, são mais prevalentes a partir da menopausa. “Nos estudos desenvolvidos nas duas últimas décadas sobre a associação da apneia obstrutiva do sono (AOS)  e seus efeitos no organismo, observou-se que há uma íntima relação dessa condição com a gordura visceral, com a influência da obesidade, sendo uma via de duas mãos. Isso significa que o aumento da gordura visceral pode causar a AOS, assim como a AOS pode influenciar de forma significativa o acúmulo da gordura visceral”, explica Arlete.

A professora afirma que no período pós-menopausa, devido às alterações hormonais, ocorre ganho de peso e aumento do depósito de gordura central na grande maioria das mulheres. O sobrepeso e a obesidade acarretam a diminuição da luz da coluna aérea pelo acúmulo de gordura entre as fibras musculares, aumentando a área de colapsibilidade na faringe, que originará os roncos e a apneia obstrutiva do sono. “Da mesma forma, o ganho de peso, através do volume abdominal maior  pelo acúmulo de gordura, compromete a expansão torácica durante os movimentos respiratórios reduzindo o gradiente de pressão, que leva à colapsibilidade da via aérea superior”, acrescenta. 

Arlete reitera que a qualidade de vida é muito afetada pelos distúrbios do sono. “O sono fragmentado como ocorre na AOS, não é reparador, prejudicando a rotina do portador de uma dessas afecções, pelo cansaço frequente, sono diurno excessivo, cefaleia e até depressão. Mais preocupante, é a instalação da síndrome metabólica com riscos danosos à saúde, que culminam com o diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica ou até mesmo um infarto agudo do miocárdio”, alerta. 

Como prevenir?

Para evitar os problemas causados pela apnéia e outros distúrbios do sono, a professora indica, inicialmente, uma avaliação médica otorrinolaringológica, a fim de descartar fatores obstrutivos na via aérea superior, que devem ser tratados. Doenças que favoreçam o acúmulo de gordura visceral e desequilíbrios hormonais também devem ser investigados e tratados.

As medidas para uma melhor qualidade do sono precisam ser tomadas, porém com os cuidados para um estilo de vida saudável, como uma dieta adequada e a prática de exercícios físicos. Evitar o tabagismo e uso de álcool, e o consumo de substâncias estimuladoras como café, chá preto ou chá mate, próximo do horário do sono, para o relaxamento adequado para o sono profundo. “Além disso, é recomendado não fazer refeições noturnas com grandes quantidades de alimento. O ambiente em que dorme é também muito importante. A temperatura e a iluminação devem ser adequadas, e não utilizar celular, computador ou iPad no momento em que se deita para dormir”, orientou Arlete.

(com informações da Agência Brasil)

Website: https://portal.unit.br/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *