Economia

Governo de São Paulo amplia quarentena para até dia 22 de abril

O governador de São Paulo, João Doria, afirmou hoje que a quarentena será ampliada por mais 15 dias, indo do dia 08 até o dia 22 de abril. A determinação mantém as mesmas regras da que está vigente, apenas os serviços essenciais ficarão abertos, como saúde, segurança, supermercados e farmácias.

“Nenhuma aglomeração de nenhuma espécie em nenhuma cidade de São Paulo será admitida. As Guardas Municipais ou Metropolitanas deverão agir e, se necessário, recorrer à Polícia Militar para que imediatamente possa haver a dissipação de qualquer movimento ou aglomeração de pessoas. Esta é uma deliberação que deverá ser rigorosamente seguida pela população do Estado de São Paulo na defesa de suas vidas e de seus familiares”, acrescentou Doria.

O Estado de São Paulo conta hoje com casos em 107 cidades, com 4.861 casos e 304  mortes. Segundo o secretário estadual da saúde, José Henrique Germann, se as medidas de isolamento não tivessem sido implementadas, estes números seriam dez vezes maiores.

Na coletiva de hoje contou com o retorno do médico David Uip, que coordena os trabalhos do coronavírus no Estado, e relatou o que passou durante o período em que ficou afastado por conta do coronavírus.  “Não é brincadeira”, disse sobre a doença.

Houve também depoimentos de médicos responsáveis por hospitais de ponta que confirmaram os resultados positivos do isolamento. Eles apontaram que os hospitais estão conseguindo atender demanda de pacientes até este momento por conta da menor circulação de pessoas e um menor índice de contágio.

Casos e mortes

O número de casos de coronavírus no Estado desde 26 de fevereiro chega a 4.620. Ao todo, mais de 400 hospitais, entre públicos e privados, notificaram casos suspeitos de coronavírus. O total de mortes por covid-19 – 275 em 20 dias – já está próximo das 297 vítimas fatais por gripe registradas em 2019.

Os dados também apontam que o coronavírus mata dez vezes mais do que todos os tipos de meningite. Até o momento são 13,7 mortes diárias, em média, por covid-19, contra 1,3 morte/dia por meningite no Estado em 2018, conforme informações consolidadas pela Vigilância Epidemiológica do Estado.

Entre as vítimas fatais da covid-19, 85,8% tinham 60 anos ou mais. Desses, 92,1% tinham algum tipo de comorbidade. Do total de mortos pela doença, de todas as faixas etárias e que tinham alguma comorbidade, 69,1% eram cardiopatas; 47,1% possuíam diabetes; 16,1% apresentavam pneumonia; 12,6% tinham algum tipo de doença neurológica; 7,6% possuíam imunodeficiência; 3,1% eram asmáticos; e 2,2% apresentavam doença hematológica. Os boletins são divulgados diariamente no site do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado (www.cve.saude.sp.gov.br).

Cenários

O cenário epidemiológico de São Paulo em relação ao coronavírus é, no momento, melhor que em relação a outros países. O Governo do Estado decretou quarentena apenas 26 dias após o primeiro caso, quando havia 810 infectados e 22 mortes. Com isso, a curva de casos apresentou tendência de achatamento.

Na Itália, por exemplo, a quarentena foi decretada 49 dias do primeiro caso, já com 47.021 casos e 4.032 mortes, e mesmo assim a curva de contágio continuou crescente. O mesmo ocorreu na Espanha, onde a quarentena começou 45 dias depois do primeiro caso, quando havia 11.826 casos e 533 mortes.

Em São Paulo, o distanciamento social está ajudando a mitigar a transmissão de casos. As pessoas estão tendo menos contato entre si e, com isso, a taxa de contágio por covid-19 caiu. Segundo estudo do Instituto Butantan em parceria com o Centro de Contingência, de acordo com os dados epidemiológicos disponíveis, antes das medidas de restrição, a velocidade de transmissão do vírus era de uma para seis pessoas. No dia 20 de marco, esse número caiu para uma para três. No dia 25, já era de uma para menos de duas. Mas somente quando a taxa for menor do que um para um poderá se dizer que a epidemia foi controlada.

A redução do contágio permitiu retardar o pico de internações nos hospitais da cidade de São Paulo, que ocorreria já na primeira semana de abril se nada tivesse sido feito. Conforme projeções do Instituto Butantan em parceria com a UnB (Universidade de Brasília), haveria mais doentes por coronavírus do que leitos necessários no SUS de São Paulo, e seria preciso acrescentar 20 mil novas vagas, das quais 6,5 mil de UTI. O sistema, portanto, iria colapsar.

Ainda conforme as informações do estudo, com 66% dos paulistanos em suas casas após 23 de março, houve expressiva redução de pacientes com quadros pulmonares internados em hospitais. Mas o isolamento diminuiu nos últimos dias. Em 2 de abril, era de 52,4% na cidade de São Paulo e de 51,8% no Estado. “Esses resultados positivos reforçam a importância das medidas de afastamento social adotadas. A evolução da epidemia indica claramente que as medidas têm que ser mantidas, e a adesão da sociedade, reforçada. O Centro de Contingência avalia diariamente o impacto das medidas na mobilidade das pessoas, e a constatação é que ainda existe espaço para melhoria. Neste momento crítico da epidemia, a única medida efetiva ao nosso dispor é o distanciamento social”, afirma o médico David Uip.

Foto: Governo do Estado de S. Paulo

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