Câmeras inteligentes em caminhões reduzem risco de acidentes e ampliam a segurança nas estradas
A presença de câmeras em veículos pesados já deixou de ser tendência e se tornou realidade nas estradas brasileiras. O uso da chamada videotelemática (que combina imagens com dados de telemetria) está revolucionando a segurança do transporte de cargas, reduzindo riscos de acidentes e fornecendo evidências para prevenir fraudes e crimes.
Estudos do setor indicam que a simples adoção da telemetria pode reduzir em até 40% o índice de colisões; quando associada às câmeras, a eficiência cresce de forma significativa, com impactos diretos na segurança e nos custos operacionais das empresas.
Nos últimos anos, os sistemas evoluíram do registro passivo para soluções ativas e preditivas. As câmeras DMS (Driver Monitoring System), instaladas na cabine, identificam sinais de fadiga, distração ou uso de celular pelo motorista. Já as câmeras externas, associadas aos sistemas ADAS (Advanced Driver Assistance System), monitoram o ambiente ao redor do veículo e ajudam a evitar colisões. A inteligência artificial embarcada é capaz de diferenciar um simples piscar de olhos de um cochilo real, emitindo alertas imediatos, além de reconhecer padrões de risco em tempo real.
Mais do que reduzir acidentes, a tecnologia se mostra estratégica contra o crime organizado. Softwares de última geração conseguem identificar armas antes mesmo de serem sacadas e reconhecer placas e modelos de veículos suspeitos, cruzando informações com bancos de dados policiais.
Essa inovação transforma caminhões em verdadeiras barreiras móveis contra o roubo de cargas — crime que, somente em 2024, gerou R$ 1,2 bilhão em prejuízos, em cerca de 10 mil ocorrências registradas.
Outro ganho é a redução de custos operacionais. As imagens permitem esclarecer rapidamente a dinâmica de acidentes, coibindo tentativas de fraude, além de subsidiar treinamentos personalizados para motoristas. “A segurança viária passa, cada vez mais, pelo uso da tecnologia. As câmeras não servem apenas para fiscalizar, mas para salvar vidas, evitar tragédias e tornar o transporte cada vez mais eficiente”, afirma José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), entidade à frente de uma cadeia produtiva que envolve cerca de 5.000 trabalhadores no país.
Apesar dos benefícios, a implementação ainda enfrenta resistências ligadas à privacidade. Transportadoras têm investido em programas de transparência e capacitação, esclarecendo que as câmeras funcionam apenas durante o deslocamento e têm caráter preventivo. Na prática, o recurso tem sido cada vez mais valorizado pelos próprios condutores, que passam a contar com provas em caso de incidentes e respaldo em situações de risco.
Segundo Márcio Galdino, diretor regional do Sinaceg, o desafio agora é ampliar a adesão da tecnologia para que se torne padrão no setor: “Hoje já não se discute se a videotelemática é útil, mas sim quando ela será adotada em larga escala. Estamos falando de uma ferramenta que protege motoristas, reduz custos, dá mais eficiência às transportadoras e contribui para a segurança de toda a sociedade.”
A expectativa é que a disseminação das câmeras seja acelerada por seguradoras, que tendem a estimular o uso do recurso para reduzir riscos e prêmios. Integrados a sensores de freio, proximidade e aceleração, esses sistemas permitem decisões mais rápidas e estratégias mais eficazes de prevenção, tornando o transporte rodoviário no Brasil mais seguro e competitivo.
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